Desde criança, a Dra. Janine Araújo carregava dentro de si o desejo de seguir os passos do avô, um médico que dedicava sua vida a cuidar das pessoas com amor e generosidade. Essa inspiração a levou a enfrentar desafios desde o início, como a difícil jornada para ingressar na faculdade de Medicina e os anos intensos de plantões em hospitais públicos, que a ensinaram a importância do olhar humano no cuidado com os pacientes.
Apesar dos obstáculos, sua determinação e paixão pela Medicina a impulsionaram a buscar uma abordagem mais completa para a saúde. Foi assim que nasceu a sua clínica, um espaço que integra dermatologia, tricologia, bem-estar e qualidade de vida. Para ela, cuidar da pele e dos cabelos vai além da estética—é sobre autoestima, equilíbrio e transformação.
Com anos de experiência e dedicação, Dra. Janine se tornou uma referência, trazendo inovações em tratamentos capilares e estéticos. Seu trabalho prova que a verdadeira beleza vem de dentro para fora e que a Medicina, quando exercida com empatia e conhecimento, pode transformar vidas de maneira profunda e significativa.
Confira a seguir a entrevista completa e conheça mais sobre sua trajetória, desafios e conquistas.
1: Sua paixão pela Medicina começou muito cedo, inspirada pelo seu avô. Como essa influência moldou sua trajetória profissional e sua visão sobre o cuidado com os pacientes?
Meu avô foi médico numa época em que a Medicina era movida, acima de tudo, pelo amor e devoção. Eu morava no interior de Minas, onde quase não havia médicos, e ele vinha todos os meses de Belo Horizonte nos visitar, e atendia uma fila enorme de pacientes humildes na sala da minha casa. Me lembro como se fosse hoje, dele atendendo a todos independente de classe social com a mesma dedicação e com a mesma nobreza. Lembro de ver muitos saindo emocionados, chorando de gratidão, alguns até se ajoelhavam para agradecer. Aquilo mexia comigo de um jeito que nem sei explicar. Eu só conseguia pensar: “Ele faz algo muito bom pelas pessoas, e eu também quero poder fazer como ele”.
Então, desde meus 6 anos de idade, quando entendi que ele era médico, eu comecei a dizer que queria ser médica. E conforme fui crescendo, cada etapa da minha jornada só confirmou esse desejo. No primeiro contato com pacientes na faculdade, nos atendimentos no SUS depois de formada, e agora, no consultório, sempre tento lembrar do que aprendi com ele: antes de qualquer técnica ou conhecimento, vem o olhar humano, o cuidado genuíno.
Afinal, como disse Carl Jung:
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”

2: O caminho até a Medicina não foi fácil, e você chegou a considerar recomeçar nos Estados Unidos. O que te fez persistir no Brasil e como foi a sensação ao conquistar sua vaga na faculdade?
Tentei vestibular para a federal e, apesar de ter me dedicado muito, não passei. Aquilo mexeu comigo e me fez duvidar se conseguiria, pois tinha me dedicado muito sem sucesso. Cheguei a considerar me mudar para a Califórnia para começar minha vida lá, já que tinha grandes amigas que tinham feito isso e sabia que lá eu conseguiria trabalhar, ter meu próprio dinheiro e ser independente. Mas sabia que minha família jamais me apoiaria financeiramente para ir para fora, e não teria como ir sem uma ajuda no início, nem que fosse apenas da passagem. Mas sempre pude contar com minha mãe, e foi ela quem me convenceu a tentar mais uma vez o vestibular. O combinado foi eu tentar mais uma vez, e caso eu não passasse, ela me ajudaria a ir para os EUA, mesmo que ninguém mais apoiando.
Então, tentei de novo, e estava bem tranquila este ano. Na verdade, acreditava que meu destino estava traçado, em outro país. Para minha surpresa, eu passei, mas em uma faculdade particular. A segunda boa surpresa foi que minha colocação me garantiu uma bolsa 100% integral, algo que sequer jamais imaginei. Foram 2 milagres seguidos , e um momento de realização intensa! Eu sabia que não teria como pagar uma faculdade particular quando tive a notícia, então aquilo soou para mim como um recado de Deus: “Se você realmente deseja algo e coloca a força do seu coração nisso, as coisas acontecem, não importa o tamanho das dificuldades’’ .
3: Desde o início da sua carreira, você buscou um olhar além da Medicina tradicional, considerando a autoestima e o equilíbrio como essenciais para a saúde. Como essa abordagem impacta os seus pacientes e o seu trabalho hoje?
Não adianta nada ter um rosto lindo, super bem cuidado, trabalhado com vários procedimentos se, por dentro, a mente não está bem. O corpo humano é um só, mente, corpo, pele, alma, e tudo está perfeitamente conectado. Para estar realmente bem, é preciso equilíbrio, e isso vai muito além dos cuidados estéticos.
Sempre tive o desejo de criar um espaço onde pudesse cuidar dos pacientes de uma forma mais profunda e completa. Foi assim que surgiu no meu coração o desejo de conceber a clínica, com a proposta de integrar saúde física, emocional e bem-estar.
Por isso foi importante integrar com a estética a saúde mental, a nutrição, ginecologia, endocrinologia e tudo o que envolve o funcionamento do organismo. Pois quando tratamos o corpo como o sistema único que ele é, o resultado vai muito além da aparência — é uma transformação verdadeira, de dentro para fora. É uma luz que vem de dentro. E é isso que vejo todos os dias nos meus pacientes quando eles se conectam com essa verdade e com essa cura.

4: Os primeiros anos da sua carreira foram marcados por plantões exaustivos e muitas dificuldades. O que te motivava a continuar e quais foram os momentos mais desafiadores dessa fase?
Mudar do interior de Minas para São Paulo, sozinha, logo depois de me formar, da noite para o dia, foi um desafio enorme. Nao conhecia ninguém e não tinha nenhum amigo em SP. Comecei a trabalhar no Hospital Santa Marcelina e em uma UBS do Santa Marcelina, que ficavam a duas horas da minha casa, no extremo da Zona Leste. Passei os primeiros seis anos da minha carreira encarando plantões exaustivos, seis a sete dias por semana, sem interrupção. Foi aí que senti que me tornei médica. Vivi momentos muito difíceis, acompanhei dores intensas, doenças sem cura e muitas histórias sem final feliz. E isso não foi fácil. Cada paciente que passou por mim deixou uma marca, me fez crescer e aprender a encarar a vida sem drama nos momentos realmente mais difíceis. Pois não sabemos o que é uma real dificuldade, até testemunhar histórias tão tristes de perto.
Depois de anos nesse ritmo, veio um dos momentos mais desafiadores da minha vida: uma depressão profunda que me tirou completamente da rotina dos plantões. Eu já tinha finalizado minha graduação em dermatologia, mas ainda trabalhava apenas em hospitais, e de uma hora para outra, eu simplesmente não conseguia mais trabalhar. O peso disso foi enorme, porque eu já tinha vários compromissos financeiros — aluguel, carro, pós-graduação e, de repente, me vi sem chão. Foi um período muito difícil, mas também foi o que me forçou a fazer uma transição de carreira. Foi nesse momento que percebi que precisava recomeçar e decidi dar os primeiros passos na Dermatologia. Aluguei uma pequena sala mesmo sem conhecer ninguém, pagava aluguel sem ter paciente, e a dívida foi só crescendo.
O que me manteve de pé, mesmo nos momentos mais duros, foi a inspiração do meu avô. Lembrar da força que ele teve ao longo da sua trajetória e de toda superação e entendimento com os quais ele levou a vida sempre me motivaram a seguir em frente. Sempre tive dentro de mim a vontade de crescer, de superar as minhas dificuldades, e de fazer diferença na vida dos que amo e das pessoas que precisam. Acredito que estamos aqui para isso: para evoluir, nos tornarmos melhores a cada dia e, de alguma forma, impactar a vida das pessoas ao nosso redor.
5: Com muito esforço, você conquistou seu espaço e criou a Clínica Janine Araújo. Como foi a transição de médica para empreendedora e quais foram os principais desafios na construção desse sonho?
Quando abri a clínica, eu não sabia que estava me tornando empreendedora. Na minha cabeça, eu só estava realizando um desejo do coração: criar um espaço multidisciplinar onde pudesse oferecer um tratamento para os meus pacientes à altura do que eles precisavam e mereciam, com tratamentos seguros, bons profissionais e uma visão integrada da saúde. Só depois, quando precisei cuidar de cada detalhe, foi que entendi a imensa responsabilidade que vinha junto com esse sonho.
Um dos maiores desafios foi aprender a ser gestora. De repente, eu não era só médica, mas também responsável por uma equipe inteira de funcionários e médicos. Manter todos motivados, engajados e produtivos foi um grande aprendizado. Além disso, criar processos para cada setor e garantir que tudo funcionasse bem foi um trabalho difícil, que precisei construir do zero.
A parte financeira também foi um grande obstáculo. Construí a clínica inteiramente com o dinheiro dos plantões e do meu trabalho ao longo dos anos que tinha de formada, sem nenhum investimento externo. Foi um caminho desafiador, mas cada esforço valeu a pena. Hoje, olhar para a Clínica funcionando tão bem, organizada, fluindo me dá a certeza de que todo sacrifício fez sentido.

6: A tricologia se tornou uma das suas grandes paixões. O que te levou a essa especialização e quais avanços recentes nessa área você considera mais promissores para o tratamento de seus pacientes?
Minha paixão pela tricologia começou sem que eu percebesse. Quando eu era criança, minha mãe tinha um salão de beleza, e eu cresci dentro desse universo, vendo de perto os cuidados com os cabelos e a importância deles na autoestima das pessoas. Mais tarde, ainda estudante, cheguei a trabalhar com ela por um tempo, ajudando em alguns procedimentos capilares e ganhando um dinheiro para poder fazer minhas coisas. Apesar disso, nunca imaginei que um dia trabalharia diretamente com cabelos.
Nos primeiros anos depois da minha pós-graduação em Dermatologia, foquei totalmente no mundo dos injetáveis faciais e corporais. Mas com o tempo, percebi o quanto o mercado de tricologia estava crescendo e trazendo possibilidades incríveis de tratamento. Foi aí que mergulhei de vez nesse universo e me apaixonei ainda mais.
Hoje, a gama de tratamentos capilares é enorme, e os resultados estão cada vez mais impressionantes. As tecnologias a laser, por exemplo, chegaram para complementar os protocolos já existentes. Mas um dos avanços mais promissores é o uso de células-tronco, que, apesar de já existir há anos, está apenas começando a ganhar força no mundo da tricologia. Além disso, novas combinações de técnicas estão sendo estudadas e, em breve, estarão disponíveis, trazendo resultados ainda mais surpreendentes para os pacientes. O futuro da saúde capilar é promissor, e fico animada em fazer parte dessa evolução!
A jornada de Dra. Janine Araújo é uma verdadeira inspiração de perseverança, superação e dedicação. Desde a infância, quando se apaixonou pela Medicina através do exemplo de seu avô, até sua trajetória como empreendedora na criação da Clínica Janine Araújo, ela nunca deixou de acreditar na importância do cuidado humano e integrado. Com uma visão que vai além da estética, Dra. Janine provou que o equilíbrio entre corpo, mente e alma é essencial para uma saúde plena e verdadeira transformação.
Hoje, ela é referência no campo da dermatologia e tricologia, sempre buscando inovações que melhorem a qualidade de vida de seus pacientes. Sua história é um exemplo de como desafios podem ser superados com fé, força e o desejo de impactar positivamente a vida das pessoas.

Créditos:
Foto: Caroline Moschei
Cabelo: Thiago Fortes
Make: Robb Almeida


