Comportamento aprendido na infância pode impactar autoestima, escolhas e bem-estar emocional na vida adulta
Você já ouviu falar na “síndrome da boa menina”? O termo tem ganhado destaque entre psicólogos e nas redes sociais, descrevendo um padrão de comportamento marcado pela busca constante de aprovação, evitação de conflitos e supressão de sentimentos — especialmente entre mulheres. Embora muitas vezes associada a traços como gentileza e obediência, essa postura pode gerar impactos negativos na saúde emocional ao longo da vida.
Desde a infância, muitas meninas são ensinadas, de forma direta ou indireta, a serem “boas”: calmas, educadas, prestativas e pouco exigentes. Com o passar do tempo, esse padrão pode se consolidar como uma obrigação silenciosa, que limita a autonomia e leva à dificuldade de impor limites ou priorizar as próprias vontades.
“A síndrome da boa menina não é um diagnóstico clínico, mas representa um conjunto de comportamentos moldados socialmente, que muitas vezes impedem a mulher de se posicionar, expressar seus desejos e desenvolver uma autoestima saudável”, explica a psicóloga e mestre em saúde mental Ana Paula Ferreira. “Na vida adulta, isso pode gerar sentimentos de frustração, sobrecarga emocional e até quadros de ansiedade e depressão.”
O primeiro passo para romper esse ciclo é a conscientização. Segundo Ana Paula, o processo de autoconhecimento e psicoterapia pode ajudar a pessoa a identificar padrões nocivos, ressignificar crenças antigas e reconstruir sua relação consigo mesma. “Ser uma boa pessoa não significa dizer ‘sim’ o tempo todo. Aprender a dizer ‘não’ também é um ato de amor-próprio”, reforça.
Especialistas recomendam atenção aos sinais de esgotamento emocional, baixa autoestima e dificuldade de se impor, que podem ser indicativos da necessidade de apoio psicológico. A quebra do padrão da “boa menina” é, acima de tudo, um caminho de libertação e reconexão com a própria autenticidade.


