Desde muito jovem, a vaidade fez parte da vida da Dra. Mayara Proença — mas não como sinônimo de superficialidade. Para ela, cuidar de si sempre foi um gesto de amor-próprio, um exercício de reconexão com a própria essência. O que começou como admiração pela rotina de beleza da mãe e da avó, logo se transformou em vocação, e depois, em uma carreira pautada pela sensibilidade, pela técnica e por um desejo genuíno de transformar vidas.
Farmacêutica esteta, Dra. Mayara Proença alia conhecimento científico a um olhar humano, minucioso e respeitoso. Com a experiência de quem já percorreu um caminho repleto de aprendizados e superações, ela transmite maturidade, propósito e ética. O que a move não é apenas o resultado visível no espelho, mas a transformação silenciosa e profunda que acontece dentro de cada paciente — aquela que resgata a autoestima, devolve o brilho no olhar e reescreve histórias marcadas por inseguranças.
Nesta entrevista, ela compartilha sua trajetória com generosidade: fala sobre os desafios de se firmar profissionalmente, os medos enfrentados no início da carreira, o papel essencial da fé e da escuta ativa, e a responsabilidade que carrega ao cuidar da beleza e da saúde emocional de tantas pessoas. Para Dra. Mayara Proença, estética é ciência, é arte — mas, acima de tudo, é cuidado com o ser humano.
Prepare-se para conhecer uma profissional que, com delicadeza e verdade, mostra que a beleza mais poderosa é aquela que nasce de dentro para fora.
Mayara, você sempre foi muito vaidosa desde criança. Como essa vaidade se transformou em vocação e, depois, em profissão?
Desde pequena, sempre fui fascinada por como o ato de cuidar de si pode ser transformador. Lembro-me de observar minha mãe se cuidar e, mais tarde, já adolescente, perceber em mim mesma como gestos simples podiam impactar profundamente a autoestima e a saúde mental. Sempre acreditei que se olhar no espelho e se sentir bem vai muito além da estética — é uma questão de saúde, de bem-estar, de reencontro com quem somos.
Minha vaidade sempre caminhou ao lado da minha curiosidade e da vontade de aprender. Descobri, com o tempo, que uma complementa a outra. Porque trabalhar com beleza, com estética, exige sensibilidade, sim — mas também conhecimento técnico, respeito à anatomia, ao uso correto de produtos, quantidades e, acima de tudo, ao ser humano que está diante de mim.

Você costuma dizer que a verdadeira beleza está nos detalhes. Como esse olhar minucioso influencia o seu trabalho no dia a dia?
Quando atendo um paciente, percebo detalhes que talvez, no dia a dia, ninguém note. E, quanto mais eu o escuto, mais claro fica que aquele “simples” detalhe realmente o incomoda. Um exemplo é quem tem orelhas de abano. Quando algo nos incomoda, tendemos a olhar no espelho e não enxergar mais nada além daquele detalhe — que, diante do contexto, se torna enorme.
Minha vocação está justamente aí: em saber diagnosticar e ajudar a tratar a causa do problema, para que o paciente volte a enxergar o conjunto maravilhoso que existe por trás daquele “detalhe”.
De que forma o perfeccionismo, que você carrega em todas as áreas da sua vida, contribui (ou desafia) sua atuação como esteta?
O perfeccionismo ajuda, mas também atrapalha. Ajuda porque me faz querer sempre ser melhor, fazer melhor, buscar mais, para entregar o melhor ao meu paciente. Mas, às vezes, atrapalha, porque, mesmo quando o paciente olha o resultado e ama, eu acabo focando em um detalhe que gostaria de melhorar — mesmo estando “perfeito”.

Você acredita que a estética tem um papel importante na autoestima e no bem-estar. Pode contar algum caso marcante em que viu essa transformação acontecer?
Eu poderia contar inúmeras histórias de transformações que tocaram profundamente o meu coração. Mas, quando falo de rinomodelação e otomodelação, algo em mim se emociona ainda mais. O nariz e as orelhas, para quem se incomoda com eles, não são apenas detalhes — são fontes silenciosas de insegurança, que muitas vezes acompanham a pessoa por anos.
Ver a expressão de alívio, o brilho no olhar e aquele sorriso que vem de dentro… isso não tem preço. Cada transformação carrega uma história, uma superação, um recomeço. E é exatamente isso que me move, que me conecta ainda mais com minha vocação e me faz amar profundamente o que eu faço.
A maquiagem teve um papel importante no início da sua jornada. Em que aspectos ela a preparou para trabalhar com harmonização facial?
A harmonização, para mim, tem o mesmo sentido que a maquiagem tem para tantas mulheres: realçar o que nos alegra e suavizar o que nos incomoda. É sobre revelar o melhor de nós mesmas. Por isso, tenho plena certeza de que Deus me preparou desde o começo — e continua me preparando a cada dia — para viver esse propósito. E eu sigo, com gratidão, colocando o coração em cada atendimento.

Você fala com muito carinho sobre sua mãe e sua avó. Como a influência delas moldou sua visão sobre autocuidado e beleza?
Cresci com minha mãe e minha avó materna — duas mulheres que foram, e sempre serão, minhas maiores referências. Desde cedo, tive o privilégio de ser guiada por essas figuras extraordinárias: guerreiras, determinadas, que raramente deixavam a peteca cair e enfrentavam a vida com classe, força e persistência.
Além da coragem, elas também carregavam vaidade — daquela bonita, leve, que vem do amor-próprio. Sempre com as unhas feitas, o cabelo arrumado e o batom no rosto antes de encarar o dia. Porque, para elas, soldados felizes consigo mesmos são soldados mais confiantes — e, por isso, mais fortes.
Foi observando essas mulheres que aprendi uma das maiores verdades da vida: quando a gente se sente bem ao se olhar no espelho, quando nos sentimos confiantes e poderosas, a gente exala isso. E então, conseguimos lutar com mais coragem, enfrentar o mundo com mais brilho no olhar e assumir, com orgulho, o papel principal da nossa própria história.
Com a estética em constante evolução, como você escolhe no que se especializar e quais técnicas incorporar ao seu trabalho?
Sim, a estética está em constante evolução — e eu estou sempre em busca de aprender, de me atualizar, de crescer junto com essas mudanças. Mas acredito que, acima de tudo, é preciso ter bom senso e conhecimento para discernir o que realmente faz sentido para cada pessoa e o que é apenas uma tendência de mercado.
Sempre digo que harmonizar não é transformar alguém em outra pessoa. Harmonizar é revelar a beleza que já existe, muitas vezes adormecida ou escondida pelas inseguranças. Meu desejo é que o paciente se olhe no espelho e volte — ou continue — a se enxergar com carinho, com orgulho. Que ele se reconheça, mas com uma versão mais leve, mais confiante, mais bonita de si mesmo.
Nunca quero que alguém olhe seu reflexo e veja um estranho. Quero que veja a si mesmo, com mais amor.
Uma vez, uma paciente me disse algo que nunca esqueci: “Eu confio em você, porque sei que não vai colocar uma seringa sem que haja real necessidade.” E é exatamente assim que eu escolho trabalhar: com responsabilidade, ética e cuidado. Porque, para mim, cada rosto carrega uma história — e merece ser tratado com respeito e verdade.

Qual conselho você daria para quem está começando agora na área da estética, especialmente sobre encontrar sua identidade profissional?
Trabalhe com o coração. Todos os dias. Lembre-se de que, diante de você, não há apenas um nariz, uma orelha ou uma boca — há um ser humano. Alguém que carrega medos, desejos, histórias e traumas. E é só quando passamos a enxergar além do que os olhos veem — quando olhamos com o coração — que começamos a sentir o verdadeiro amor por essa profissão e a entender a grandeza da nossa vocação.
O verdadeiro sucesso não está apenas no quanto ganhamos. Claro, todos desejam prosperar — e isso é natural. Mas, desde o início da minha jornada, acredito com toda a minha alma que o sucesso de verdade está em conseguir transformar a vida de alguém para melhor. Está em devolver o brilho no olhar, a leveza no sorriso, a coragem de se reconhecer no espelho e se amar.
É isso que me move. É por isso que eu faço o que faço.

Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao longo da sua trajetória profissional até conquistar o reconhecimento na área da estética?
Quando saí da faculdade, não comecei a trabalhar na área da estética. Naquele momento, eu precisava me consolidar em algo que me garantisse um salário fixo. Morando em uma cidade pequena, sobreviver apenas com estética parecia algo distante — pelo menos, era assim que eu via. Durante muito tempo, questionar se eu prosperaria fazendo apenas o que amava foi meu maior desafio.
Iniciei minha jornada como bioquímica, na área de análises clínicas, da qual eu gostava muito e que me auxiliou na preparação quanto ao manejo das seringas e à minuciosidade nos detalhes, uma vez que as análises e os diagnósticos dos exames não admitem erros.
Por anos, conciliei dois empregos, pensando: “Se o movimento na estética for fraco, eu tenho meu salário fixo.” Essa segurança, no entanto, acabou me prendendo por um bom tempo.
Mas Deus foi generoso comigo em cada paciente que colocou no meu caminho. Aos poucos, fui conquistando a confiança deles, entregando resultados que surpreendiam e encantavam. O boca a boca começou a crescer, e os pacientes indicavam uns aos outros.
Até que chegou o momento em que a demanda foi tanta que tive que fazer uma escolha: a qual área dedicar meu corpo, minha alma, meu coração. E escolhi a estética, essa paixão que me faz tão feliz e realizada, que às vezes até me sinto culpada por considerá-la um hobby.
Como você enxerga o papel do farmacêutico esteta no cenário atual da saúde estética e quais diferenciais esse profissional pode oferecer?
Não existe estética sem saúde — isso é um fato. Nossos hábitos influenciam diretamente a forma como nos enxergamos, e isso está profundamente ligado à nossa saúde mental.
Por isso, acredito que o maior diferencial do farmacêutico na área da estética está na minuciosidade de cada atendimento. No cuidado genuíno. Em estar presente de corpo e alma, ouvindo o paciente com o coração, enxergando além do que os olhos conseguem ver e entendendo exatamente como agir para transformar e melhorar a vida daquela pessoa.

Ao longo desta entrevista, fica evidente que a trajetória da Dra. Mayara Proença vai muito além de técnicas e procedimentos. Sua história é marcada por coragem, entrega e um olhar sensível sobre o poder que a estética tem de transformar vidas. Em cada atendimento, ela reafirma seu compromisso com a ética, a verdade e o respeito por cada história que chega até ela.
Mais do que realçar traços, Dra. Mayara devolve às pessoas a capacidade de se enxergarem com carinho, de se reconhecerem em frente ao espelho e de retomarem a confiança que, muitas vezes, ficou apagada pelas inseguranças do tempo. Seu trabalho é feito com ciência, com arte — mas, sobretudo, com amor.
E é com esse amor que ela continua escrevendo sua própria história, dia após dia, rosto após rosto, transformação após transformação. Porque, como ela mesma diz, quando a gente se sente bem com quem é, o mundo ao nosso redor também se transforma.
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