A fala recente da apresentadora Regina Volpato reacendeu uma discussão sensível, mas urgente: quando o cuidado com os pais idosos se torna um fardo e o que isso revela sobre nossa estrutura familiar e social?
Volpato destacou a pressão emocional vivida por muitos filhos que assumem, sozinhos, a responsabilidade de cuidar dos pais na velhice. “Nem todo mundo está pronto para isso”, afirmou, em tom direto. A declaração, que viralizou nas redes sociais, abriu espaço para um debate que costuma ser silenciado por culpa, medo e convenções sociais.
Segundo dados do IBGE, o Brasil ultrapassou a marca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais em 2024 número que tende a crescer. Enquanto isso, políticas públicas voltadas ao cuidado da população idosa ainda são insuficientes, fazendo com que essa responsabilidade recaia quase exclusivamente sobre as famílias. E dentro delas, geralmente sobre um único filho muitas vezes, uma filha.
Especialistas em saúde mental alertam para os riscos desse cenário. O acúmulo de tarefas, a sobrecarga emocional e a falta de apoio estruturado podem desencadear ansiedade, depressão e até doenças físicas nos cuidadores. “É preciso romper com a romantização do cuidado e falar sobre limites”, afirma a psicóloga e gerontóloga Carla Menezes.
Entre os dilemas: como equilibrar amor, dever e autonomia pessoal? Existe espaço para escolher cuidar ou não sem carregar a culpa?
O tema exige mais do que julgamentos. Requer políticas públicas, redes de apoio e, principalmente, empatia. Afinal, envelhecer é um destino comum a todos.


