Arquiteto André Dantas aponta caminhos que unem memória afetiva, tecnologia e sustentabilidade
O universo do design de interiores vive um momento de transição em que passado, presente e futuro se encontram. Para 2026, o arquiteto André Dantas prevê um cenário marcado por escolhas mais pessoais, ambientes que dialogam com a história de quem os habita e soluções sustentáveis que acompanham avanços tecnológicos, mas sem abrir mão da sensibilidade humana.
Conforto e memória afetiva como protagonistas
Segundo o arquiteto, o mundo pós-pandemia consolidou uma nova forma de enxergar os espaços. “Tudo está mais conectado à forma como sentimos o ambiente”, explica. Tons e texturas que remetem ao aconchego familiar, como nas lembranças da casa dos avós, ganham releituras sofisticadas. Essa abordagem privilegia detalhes subjetivos e escolhas que traduzem a personalidade de moradores e profissionais. “Eu amo trabalhar releituras, seja de um espaço ou de uma peça de design herdada, o resultado sempre surpreende.”
Tecnologia como aliada, não substituta
André reconhece o impacto positivo da tecnologia na arquitetura, especialmente em ferramentas como modelagem 3D e maquetes digitais. Porém, faz um alerta: “Por mais avançada que seja, a tecnologia nunca substituirá a sensibilidade e o olhar humano”. Para ele, o uso inteligente desses recursos acelera processos e melhora a apresentação dos projetos, mas sempre exige o toque final de quem interpreta o espaço de forma única.
Cores, texturas e materiais: naturalidade e leveza
Para o próximo ano, o arquiteto aposta na valorização de elementos que transmitam simplicidade e afeto, como madeira natural, tecidos e tapetes. Ele defende que materiais autênticos superam a imitação: “A madeira traz aconchego que um porcelanato que a imita jamais alcançará”. Na paleta de cores, destaque para tons que remetem à natureza, verdes, azuis, beges e marrons, além de variações suaves como rosa e manteiga. Cores neutras permanecem essenciais, atuando como respiro visual, enquanto tonalidades mais ousadas aparecem em pontos estratégicos.
Sustentabilidade além do discurso
O arquiteto enxerga a sustentabilidade como eixo central das tendências de 2026. Para ele, não se trata apenas de uma pauta ambiental, mas de um conceito que integra questões sociais e econômicas. Certificações como LEED, BREEAM e WELL, bem como iniciativas de ESG e títulos verdes, devem ganhar força no mercado. “O que fazemos aqui, fica aqui, o futuro colherá”, afirma.
Ele cita soluções como hempcrete, madeira maciça e isolantes à base de micélio, além de práticas como telhados verdes, paredes vivas e agricultura urbana vertical. A integração entre desempenho energético e automação também deve crescer, com edifícios “net-zero” e espaços compartilhados que reduzem impactos ambientais e ampliam a inclusão social.
Layouts flexíveis e personalizados
A tendência de integração entre ambientes continua presente, mas André reforça que cada projeto deve respeitar as particularidades de uso e gosto do cliente. Seja em casa ou no escritório, a funcionalidade se molda às necessidades específicas. “Não existe uma regra para cada espaço, e sim soluções únicas para cada pessoa ou empresa.”
Autenticidade acima de tendências
Para quem deseja atualizar a decoração já com o olhar em 2026, o arquiteto é categórico, fugir de padrões e priorizar conforto e identidade. “Seguir tendência não é tendência, todo projeto precisa ter alma.”
Ele recomenda que o cliente compartilhe referências, mas permita que o arquiteto interprete suas necessidades com liberdade criativa. “Sentir o espaço é indispensável, cada projeto é um novo começo, e nada se perde quando tudo se conecta.”


