Pesquisadores estão explorando novas formas de combater o HIV e, recentemente, um avanço chamou a atenção da comunidade científica: a utilização da tecnologia de mRNA a mesma que foi amplamente aplicada nas vacinas contra a Covid-19 para expor o vírus que permanece escondido no organismo, tornando-o vulnerável a uma possível eliminação completa.
O grande desafio no tratamento do HIV é que, mesmo com o uso de terapias antirretrovirais, o vírus consegue se esconder em reservatórios latentes nas células, escapando da ação dos medicamentos. Esse “refúgio” impede a cura definitiva, obrigando os pacientes a um tratamento contínuo para manter a carga viral indetectável.
A estratégia com mRNA busca justamente “acordar” o vírus que permanece em estado de latência, tornando-o visível ao sistema imunológico e aos medicamentos, em um movimento que especialistas descrevem como “choque e eliminação”. Essa abordagem já vinha sendo estudada, mas o uso da plataforma de mRNA trouxe novas perspectivas, por permitir uma ação mais direcionada e eficiente.
De acordo com os cientistas envolvidos, ainda são necessários estudos clínicos em larga escala para comprovar a eficácia e segurança dessa técnica em humanos. No entanto, os resultados iniciais apontam para um futuro promissor: uma possível alternativa para finalmente superar uma das maiores barreiras rumo à cura do HIV.
O infectologista Dr. Ricardo Vasconcelos, da Faculdade de Medicina da USP, explica que “a terapia antirretroviral mudou completamente o cenário da epidemia, mas a latência viral continua sendo um grande obstáculo. O uso do mRNA pode abrir caminhos inéditos e revolucionar a forma como pensamos a cura do HIV”.
Se confirmada, a descoberta representaria um dos maiores marcos da medicina moderna, trazendo esperança para milhões de pessoas que vivem com o vírus em todo o mundo.


