O amor, que por muito tempo foi visto como força transformadora e razão de viver, hoje parece despertar cada vez mais desconfiança e cansaço. Em um mundo onde relacionamentos se iniciam e terminam em poucos cliques, muitas pessoas relatam estar exaustas de dar novas chances a histórias que acabam se repetindo: entusiasmo inicial, expectativas altas e, em seguida, frustração.
De acordo com a psicóloga e terapeuta de casais Carolina Mendes, esse desgaste tem raízes na forma como nos relacionamos atualmente. “A velocidade da vida digital, somada à dificuldade de lidar com vulnerabilidade e imperfeições, cria vínculos frágeis. O resultado é uma sucessão de tentativas que não chegam a amadurecer, levando ao sentimento de que amar é uma tarefa quase impossível”, explica.
Pesquisas recentes em comportamento social indicam que a chamada “fadiga emocional” está em alta entre jovens adultos. O excesso de comparações com relacionamentos idealizados, a busca constante por novidades em aplicativos e a baixa tolerância a frustrações tornam os vínculos menos resistentes. Em vez de construir paciência e intimidade, muitos acabam desistindo no primeiro obstáculo.
Apesar disso, especialistas reforçam que o amor não perdeu seu valor. O problema está no excesso de expectativas e na pressa em buscar resultados imediatos. “Quando se entende que amar envolve diálogo, vulnerabilidade e crescimento conjunto, a relação deixa de ser vista como fracasso e passa a ser oportunidade”, completa Mendes.
O desafio contemporâneo talvez não esteja em encontrar alguém, mas em reaprender a dar chances de forma consciente, sem repetir padrões de desgaste. O amor pode cansar, mas também pode curar desde que seja vivido com menos idealização e mais entrega real.


