O uso de anabolizantes tem se tornado cada vez mais comum entre jovens e adultos em busca de resultados rápidos no ganho de massa muscular e na definição corporal. A popularização dessas substâncias, muitas vezes sem acompanhamento médico, representa um grave problema de saúde pública. Médicos e entidades da área reforçam que os efeitos colaterais podem ser severos e, em alguns casos, irreversíveis.
Crescimento do uso e perfil dos usuários
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o uso de anabolizantes cresceu cerca de 75% nos últimos dez anos no Brasil. Estima-se que 1 a cada 10 frequentadores de academias faça uso dessas substâncias de forma irregular. A faixa etária mais atingida está entre 18 e 35 anos, grupo fortemente influenciado por padrões estéticos propagados nas redes sociais.
O que são os anabolizantes
Os anabolizantes esteroides são derivados sintéticos da testosterona, hormônio responsável pelo desenvolvimento de características masculinas e pelo crescimento muscular. Em uso médico, eles são indicados para tratar doenças como hipogonadismo, anemia e perda de massa muscular por condições crônicas. O problema está no uso recreativo e sem prescrição, onde doses são frequentemente muito superiores às terapêuticas, aumentando os riscos à saúde.
Efeitos colaterais e riscos à saúde
O uso prolongado de anabolizantes pode causar:
Alterações hormonais e infertilidade
Queda de cabelo e acne severa
Aumento do colesterol ruim e risco de infarto
Danos ao fígado e aos rins
Mudanças de humor e comportamento agressivo
Em mulheres, surgimento de características masculinas, como engrossamento da voz e aumento de pelos.
Estudos apontam que usuários crônicos têm risco até cinco vezes maior de problemas cardiovasculares, além de maior propensão a distúrbios psiquiátricos, como depressão e ansiedade, após a interrupção do uso.
A influência das redes sociais
As plataformas digitais desempenham um papel preocupante na disseminação do uso indevido de anabolizantes. Perfis que exibem transformações corporais rápidas, sem esclarecer os riscos, contribuem para a banalização do tema. O Conselho Federal de Medicina (CFM) alerta que a prescrição dessas substâncias só deve ser feita após avaliação clínica detalhada e exames laboratoriais.
O papel do acompanhamento médico
Endocrinologistas e nutrólogos destacam que é possível conquistar resultados estéticos e de performance de forma segura, com orientação adequada e acompanhamento regular. A combinação de treino estruturado, alimentação equilibrada e suplementação correta proporciona ganhos reais e sustentáveis sem comprometer a saúde.
Conscientização e responsabilidade
A conscientização é o primeiro passo para combater o uso indiscriminado. Academias, profissionais de educação física e influenciadores têm papel essencial em disseminar informações seguras. A saúde deve sempre estar acima de qualquer resultado estético. O corpo ideal é aquele que reflete equilíbrio, bem-estar e responsabilidade. Buscar orientação médica é fundamental para garantir que o caminho da boa forma também seja o caminho da saúde.
Fontes
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)
Conselho Federal de Medicina (CFM)
Organização Mundial da Saúde (OMS)
Journal of Internal Medicine – Long-term anabolic steroid use and cardiovascular risk (2023)
Ministério da Saúde – Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Riscos


