Doença erradicada nas Américas ainda preocupa em outros países e requer atenção para manter a proteção no Brasil
A poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é uma doença infecciosa aguda e altamente contagiosa causada pelo poliovírus. Apesar de estar erradicada nas Américas desde 1994 e sem registro de casos no Brasil desde 1990, o vírus ainda circula em países como Afeganistão e Paquistão. A data de hoje, Dia Mundial de Combate à Poliomielite, é um alerta para que a população mantenha a imunização em dia e evite o retorno de uma doença que pode causar sequelas graves e permanentes.
O que é e como ocorre a transmissão
O poliovírus pode atingir tanto crianças quanto adultos, sendo transmitido principalmente por meio do contato com fezes ou secreções de pessoas infectadas. Em situações graves, a infecção pode atingir o sistema nervoso central e provocar paralisia muscular, especialmente nos membros inferiores.
A falta de saneamento básico, higiene precária e condições habitacionais inadequadas são fatores que favorecem a disseminação do vírus. Embora não exista cura, a vacinação é totalmente eficaz na prevenção e representa a principal barreira para impedir a reintrodução do poliovírus no país.
Sequelas e impacto na qualidade de vida
Nos casos em que há comprometimento neurológico, as sequelas costumam ser permanentes e podem incluir dificuldades motoras, dores articulares, atrofia muscular, osteoporose e deformidades, como o pé torto (pé equino) e o crescimento desigual das pernas. A fisioterapia é essencial para reduzir os impactos e melhorar a mobilidade, associada a exercícios e tratamentos que aliviam a dor.
Sintomas e diagnóstico
A maioria das pessoas infectadas não manifesta sintomas, o que dificulta a identificação e contribui para a disseminação. Quando presentes, os sinais mais comuns incluem febre, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta, rigidez na nuca, diarreia e vômitos.
Nos casos mais graves, ocorre a poliomielite paralítica, caracterizada por paralisia súbita e assimétrica, principalmente nas pernas, acompanhada de flacidez muscular e perda dos reflexos. O diagnóstico é confirmado por meio da detecção do poliovírus nas fezes e da análise do líquor.
Situação atual e cobertura vacinal no Brasil
Graças às campanhas de imunização, o Brasil está livre da circulação do poliovírus selvagem há mais de três décadas. No entanto, desde 2016, a cobertura vacinal está abaixo da meta de 95%, o que coloca o país em alerta para possíveis reintroduções do vírus.
Desde novembro de 2024, o esquema vacinal passou a ser realizado exclusivamente com a vacina inativada poliomielite (VIP), aplicada em três doses aos 2, 4 e 6 meses de idade, com reforço aos 15 meses. A mudança segue recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e integra a estratégia global de erradicação da doença.
Poliomielite em adultos e viajantes internacionais
Embora seja mais comum na infância, a poliomielite também pode atingir adultos não vacinados. Por isso, é importante manter a imunização em dia, principalmente entre aqueles que viajam para regiões com registros da doença.
A Anvisa, em parceria com o Ministério da Saúde, recomenda a emissão do Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP), documento exigido para quem viaja a países com circulação ativa do poliovírus.
Vacinação salva vidas
O Brasil foi referência mundial em campanhas de imunização, e a continuidade desse compromisso é essencial. Manter as vacinas em dia é um ato coletivo de responsabilidade e proteção, que garante não apenas a segurança individual, mas também o controle de doenças erradicadas.
Fontes
Ministério da Saúde: Programa Nacional de Imunizações (PNI)
Organização Mundial da Saúde (OMS)
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)


