Entenda as causas e como aliviar o desconforto durante essa fase
Durante a infância, o corpo passa por intensas transformações. Ossos, músculos e articulações crescem em ritmos diferentes, e é nesse processo que muitas crianças relatam desconfortos conhecidos como dor do crescimento. Apesar de o nome sugerir uma relação direta com o ato de crescer, estudos recentes mostram que essa condição é multifatorial e vai além do simples alongamento dos ossos.
O que é a dor do crescimento
A dor do crescimento é uma condição benigna e comum, que costuma afetar crianças entre 3 e 12 anos. As dores surgem principalmente nas pernas, especialmente em regiões como panturrilhas, coxas ou atrás dos joelhos. O incômodo aparece geralmente no fim do dia ou à noite, podendo acordar a criança, mas tende a desaparecer pela manhã sem deixar sinais de inflamação.
Estudos indicam que entre 20% e 40% das crianças podem apresentar esse tipo de dor em algum momento da infância. Embora a intensidade varie, o quadro não afeta o desenvolvimento físico nem causa deformidades.
O que causa a dor do crescimento
Ainda não há uma causa única comprovada, mas a literatura científica apresenta alguns fatores que podem contribuir:
Predisposição genética: crianças com histórico familiar têm maior propensão a sentir essas dores.
Fatores biomecânicos: alterações na pisada ou desalinhamento postural podem aumentar a sobrecarga muscular.
Atividade física intensa: excesso de esforço pode gerar microlesões musculares, agravando o desconforto.
Aspectos emocionais e sensibilidade à dor: fatores psicológicos, como ansiedade e estresse, também influenciam a percepção da dor.
Déficits nutricionais: níveis baixos de vitamina D, cálcio ou ferro podem favorecer episódios de dor muscular.
Quando se preocupar
Apesar de ser uma condição comum e inofensiva, é importante ficar atento a sinais que indicam outras causas. É recomendável procurar um pediatra quando a dor:
Persiste durante o dia ou piora progressivamente.
Afeta apenas um lado do corpo ou uma articulação específica.
Está acompanhada de inchaço, vermelhidão, febre ou dificuldade para andar.
Surge após uma queda ou trauma recente.
Nesses casos, o médico poderá solicitar exames para descartar infecções, inflamações ou problemas ortopédicos.
Dicas para aliviar o desconforto
Massagens suaves ajudam a relaxar a musculatura e reduzir a dor.
Compressas mornas nas regiões afetadas trazem alívio rápido.
Alongamentos leves antes de dormir podem prevenir episódios noturnos.
Boa hidratação e alimentação equilibrada com fontes de cálcio, ferro e vitamina D fortalecem ossos e músculos.
Sono adequado e descanso após atividades físicas ajudam na recuperação muscular.
Sapatos adequados e postura correta evitam sobrecarga nas pernas e joelhos.
Tranquilizar a criança é essencial. Explicar que o desconforto é passageiro reduz a ansiedade e melhora a percepção da dor.
A dor do crescimento é uma condição transitória e sem riscos à saúde, mas pode causar desconforto significativo. O papel dos pais é oferecer suporte físico e emocional, adotar medidas simples de alívio e observar sinais de alerta. Com atenção e cuidado, essa fase tende a passar naturalmente, acompanhando o amadurecimento do corpo infantil.
Fontes
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