Nos últimos dias, cresceu nas redes sociais a afirmação de que dentistas agora estão autorizados a prescrever o medicamento Mounjaro, usado no tratamento de diabetes tipo 2 e conhecido também pelos resultados no controle de peso. Mas o que nem sempre aparece nos vídeos virais é que essa autorização existe, porém não é ampla nem direcionada ao emagrecimento estético. A prescrição é restrita, técnica e só pode ocorrer em contextos específicos da odontologia.
Segundo especialistas em legislação profissional, o cirurgião-dentista tem permissão legal para prescrever medicamentos quando eles estiverem ligados ao tratamento de condições odontológicas. Isso inclui situações em que a saúde bucal se relaciona com distúrbios respiratórios, como a apneia obstrutiva do sono associada à obesidade, área de atuação da odontologia do sono. Nesse caso, quando houver anamnese completa, diagnóstico adequado e justificativa técnica, a prescrição pode ser considerada válida, desde que esteja documentada e acompanhada de responsabilidade profissional.
Fora desse cenário, o uso do Mounjaro apenas para controle de peso ou fins estéticos não está autorizado para dentistas. A prescrição sem vínculo com a prática odontológica pode configurar infração ética e até exercício ilegal da medicina. A indicação exige não só conhecimento farmacológico, mas também integração com equipes médicas, já que o medicamento tem impacto sistêmico, podendo afetar rins, coração, vias digestivas e sistema metabólico.
Profissionais da saúde reforçam que a prescrição não depende apenas de quem pode receitar, mas de quem está apto a acompanhar os efeitos do medicamento com segurança. Por isso, a recomendação é que o Mounjaro seja sempre utilizado com orientação de especialistas em endocrinologia, metabologia ou equipes multidisciplinares autorizadas.
Na prática, dentistas podem prescrever Mounjaro, mas somente quando houver relação direta com o tratamento odontológico, respaldo técnico, justificativa clínica, registro adequado e acompanhamento responsável. O uso estético ou genérico não está autorizado.
A autorização existe. O limite é ético, técnico e legal.


