Nos últimos anos, a harmonização facial se consolidou como uma das áreas mais promissoras da estética, impulsionando não apenas o mercado da beleza, mas também exigindo novas abordagens no campo jurídico. O crescimento acelerado desse setor trouxe desafios regulatórios, disputas de mercado e a necessidade de maior segurança jurídica para os profissionais que atuam na área. Nesse cenário, o advogado Guilherme Juk Cattani se destacou como um pioneiro ao enxergar essa demanda e criar o primeiro curso e o primeiro livro de direito voltado à harmonização facial no Brasil.
À frente do maior escritório do país especializado nesse segmento, Guilherme se tornou uma referência na defesa dos profissionais da estética, enfrentando barreiras como a discriminação profissional e a busca por reserva de mercado por parte de algumas entidades. Além de sua atuação no direito, ele investe fortemente na educação e no desenvolvimento profissional, oferecendo mentorias e treinamentos para capacitar aqueles que desejam atuar com segurança nesse nicho.
Nesta entrevista, Guilherme Juk Cattani compartilha sua trajetória, os desafios enfrentados pelos profissionais da harmonização facial e as principais questões legais que envolvem o setor. Ele também fala sobre a importância da educação jurídica, suas experiências marcantes ao longo da carreira e suas perspectivas para o futuro da harmonização facial e do direito estético no Brasil. Confira a conversa e entenda como esses dois universos estão se transformando e se consolidando nos próximos anos.
Você foi pioneiro ao criar o primeiro curso e o primeiro livro de direito na harmonização facial no Brasil. O que o motivou a mergulhar nesse nicho e como percebe a evolução desse mercado desde então?
O que me motivou foi que, a partir do meu contato ocasional com esses profissionais há sete anos, notei uma grande oportunidade de ajudar. Era um tema que me interessava genuinamente e percebi uma forte compatibilidade entre as dores que eles sentiam e o potencial que eu tinha para contribuir.
No começo, confesso que não fazia ideia do que a harmonização/estética se tornaria. Ninguém imaginava tamanha revolução. Na época, eu não tinha competência para avaliar isso, mas já vislumbrava, ainda que de forma distante, um enorme espaço para crescimento. Via profissionais muito dispostos e uma grande demanda por embelezamento, principalmente por meio de procedimentos menos invasivos do que os já realizados.

Seu escritório é o maior do Brasil no direito voltado à estética e harmonização, atendendo milhares de clientes dentro e fora do país. Quais são os principais desafios legais que os profissionais desse setor enfrentam hoje?
Certamente, a discriminação profissional, que ainda persiste socialmente. Além disso, há as investidas de algumas entidades médicas na busca por exclusividade na realização dos procedimentos, bem como um contexto social em que os pacientes têm um desejo intenso por embelezamento e transformação rápida. Isso gera conflitos frequentes entre consumidores e profissionais.
Você menciona a luta contra a discriminação profissional e a reserva de mercado. Quais são as maiores barreiras que os profissionais da estética ainda enfrentam em relação à regulamentação e ao reconhecimento?
A regulamentação ainda é insuficiente. O sistema jurídico foi criado para regular um cenário de saúde voltado ao tratamento de doenças, com uma visão alopática e nosológica da medicina, que já não condiz com a realidade.
É urgente a atualização das normas, tanto a nível federal, com as leis instituidoras de cada classe, quanto nos órgãos que fiscalizam e regulamentam o uso de produtos e o exercício profissional, como a Anvisa e os conselhos profissionais.
Além da advocacia, você investe na educação e no desenvolvimento profissional com projetos como a Academia da Independência e mentorias. Como a educação jurídica pode transformar o futuro da harmonização facial no Brasil?
A educação é o grande combustível do desenvolvimento pessoal e social. Sempre foi e sempre será. Temos como base cultural em nossas empresas a missão de aproximar as pessoas de seus sonhos por meio do conhecimento.
O conhecimento liberta, tranquiliza, orienta e fornece ferramentas para que as pessoas superem inseguranças e caminhem em busca de seus objetivos.

Você já palestrou mais de 100 vezes no Brasil e no exterior. Existe alguma experiência ou feedback marcante que tenha reforçado sua missão no setor?
Lembro de uma situação muito marcante na minha trajetória. Um dos primeiros cursos em que atuei como professor — salvo engano, o primeiro curso de anatomia em cadáveres frescos voltado para harmonização facial no Brasil.
No final do evento, um garoto se aproximou de mim. Ele estava acompanhado da mãe, que era uma das participantes do curso, e me disse: “Minha mãe falou que o tio ajuda ela a proteger o trabalho dela. Obrigado, tio.”
Nunca me esqueci e jamais esquecerei essa cena. Momentos como esse mostram como o conhecimento tem valor quando compartilhado e transformado em algo positivo na vida dos outros.
Com tantas empresas e iniciativas no setor da beleza e estética, como você concilia os papéis de advogado, empresário e educador? Qual é o segredo para gerir tantas frentes de atuação com eficiência?
Gestão. O segredo inicial é a autogestão, que envolve inteligência emocional, inteligência social para saber lidar e liderar pessoas, e inteligência contextual para garantir que o grupo de empresas trabalhe em sintonia e se fortaleça no processo de construção e crescimento do ecossistema.
Além disso, contar com um time espetacular e investir nele todos os dias. A maioria dos empresários não prospera porque olha mais para fora do que para dentro da própria empresa.

Olhando para o futuro, quais são suas perspectivas para a harmonização facial e o direito na estética nos próximos anos? Há alguma tendência ou mudança regulatória que os profissionais devem ficar atentos?
Vejo mais crescimento e uma maior solidez do mercado. O segmento e os profissionais envolvidos passarão por uma inevitável consolidação.
Acredito que todos os profissionais devem estar atentos às mudanças regulatórias. Vale lembrar que quem lidera esse processo de atualização das normas são os representantes eleitos por nós.
Por isso, um maior envolvimento dos profissionais da estética é essencial para equilibrar o comportamento social e de mercado, garantindo a valorização da harmonização facial e da estética como um todo.

A entrevista com Guilherme Juk Cattani deixa claro que a harmonização facial não é apenas uma tendência passageira, mas um setor em constante evolução, que exige atualização, regulamentação e, principalmente, reconhecimento profissional. Seu trabalho na defesa da categoria e na educação jurídica tem sido fundamental para garantir que esses profissionais atuem com mais segurança e respaldo legal.
Diante desse cenário, fica evidente que a harmonização facial continuará crescendo e se consolidando como uma área essencial dentro da estética. O envolvimento dos profissionais na luta por regulamentações justas e pela valorização do setor será determinante para definir os próximos passos desse mercado.
Seja por meio da advocacia, da educação ou do empreendedorismo, Guilherme Juk Cattani segue desempenhando um papel crucial na construção desse futuro. A revolução da harmonização facial já começou, e o direito estético será um dos pilares para garantir seu avanço de forma ética e sustentável.


