A afantasia, uma condição neurológica ainda pouco discutida entre o público geral, tem chamado a atenção de pesquisadores e profissionais da saúde por afetar diretamente a forma como o cérebro processa a imaginação visual. Pessoas com afantasia não conseguem criar imagens mentais mesmo quando tentam visualizar rostos, objetos, cenários ou lembranças.
Embora descrita pela primeira vez no século XIX, o termo ganhou força somente na última década, quando estudos de neurociência começaram a mapear como o cérebro desses indivíduos funciona. Especialistas explicam que a afantasia não é considerada uma doença, mas sim uma variação da experiência humana. Ainda assim, pode influenciar atividades cotidianas, como lembrar de caminhos, criar cenas mentalmente ou imaginar situações futuras.
Segundo pesquisadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, a condição pode estar presente desde o nascimento ou surgir após traumatismos cranianos, estresse extremo ou determinados tratamentos neurológicos. Em muitos casos, a pessoa só descobre que tem afantasia na vida adulta, quando percebe que sua forma de pensar é diferente da maioria.
Apesar da ausência de imagens mentais, quem tem afantasia normalmente desenvolve outras estratégias cognitivas, como pensamento mais lógico, verbal ou baseado em conceitos abstratos. A memória também não é necessariamente prejudicada ela apenas funciona de forma não visual.
Profissionais de saúde mental têm reforçado a importância de reconhecer e compreender a afantasia, evitando diagnósticos equivocados ou a sensação de “estranheza” em quem convive com a condição. Pesquisas atuais investigam se há relação entre afantasia e criatividade, já que muitos indivíduos relatam grande capacidade de inovação mesmo sem visualizar mentalmente.
Com o avanço da ciência, especialistas esperam que a afantasia seja cada vez mais conhecida, acolhida e estudada ampliando o entendimento sobre como funciona a mente humana e suas diversas formas de sentir, lembrar e imaginar o mundo.
