Mais do que uma simples tarefa doméstica, preparar uma refeição pode funcionar como uma poderosa forma de cuidar da saúde mental. O gesto de misturar ingredientes, ouvir o tilintar da panela e sentir o aroma que se espalha ativa mecanismos de atenção, criatividade e presença quase como uma meditação ativa.
Segundo o especialista Michael Kocet, Ph.D., pioneiro da chamada culinary therapy (terapia culinária), cozinhar e assar podem funcionar tanto como meditação quanto como formas de expressão emocional. Para ele, esse tipo de prática envolve não apenas preparar o alimento, mas também estar presente no momento, saborear a textura dos ingredientes, prestar atenção aos cheiros e aos sons da cozinha. Essa imersão sensorial ajuda a acalmar a mente e promove uma sensação de conexão com o presente, reduzindo o estresse diário.
A psicóloga clínica Suza Scalora complementa que atividades aparentemente simples, como cozinhar, podem servir como porta de entrada para a atenção plena. Segundo ela, o ato de usar os cinco sentidos o que se vê, ouve, cheira, toca e saboreia contribui para manter o foco no aqui e agora, afastando pensamentos acelerados e preocupações cotidianas.
Estudos recentes também têm mostrado que o processo de cozinhar, desde o planejamento até servir o prato, estimula áreas do cérebro relacionadas à organização e à criatividade, melhorando o humor e a sensação de controle. O envolvimento com o preparo dos alimentos pode ainda liberar dopamina e serotonina, neurotransmissores ligados ao bem-estar e à satisfação pessoal.
Cozinhar, portanto, vai além da nutrição física: é um exercício de presença e autocuidado. Em um mundo cada vez mais acelerado, onde o tempo parece escasso e as distrações são constantes, preparar uma refeição pode se tornar um gesto de equilíbrio e serenidade. Entre o som da panela e o cheiro que se espalha pela casa, há algo que não apenas alimenta o corpo, mas também a mente.


