O aumento de casos de medicamentos falsificados no Brasil tem chamado a atenção das autoridades sanitárias e também do consumidor, que muitas vezes desconhece os sinais e acaba exposto a produtos sem garantia de eficácia ou segurança. A preocupação faz sentido: além de não tratarem a doença, produtos adulterados podem causar intoxicações, interferir com outros remédios, mascarar sintomas e atrasar diagnósticos importantes.
A principal porta de entrada desses produtos continua sendo a internet. Sites sem identificação, ausência de CNPJ, preços muito abaixo do mercado e promessas milagrosas são alguns indícios de risco. Há também casos em que o produto verdadeiro é desviado, revendido em canais informais e, sem controle de temperatura ou armazenamento adequado, perde sua estabilidade e deixa de ser confiável, mesmo sendo original.
Os medicamentos mais visados costumam ser os de maior valor comercial ou alta demanda: toxina botulínica, terapias oncológicas, medicamentos hormonais e os famosos fármacos para emagrecimento, especialmente os injetáveis. São itens que exigem receita, acompanhamento e cadeia controlada, o que torna qualquer venda paralela ainda mais perigosa.
Identificar sozinha uma falsificação nem sempre é possível, justamente porque as cópias são cada vez mais elaboradas. Ainda assim, alguns sinais levantam suspeita: embalagem com erro de impressão, ausência de número de registro da Anvisa, lote ilegível, lacre violado ou inexistente e dados incompletos sobre o fabricante. Um ponto importante: nenhum medicamento comercializado legalmente no Brasil pode ser vendido sem a informação de lote, validade, fabricante e registro.
Outra situação comum é a venda de medicamentos que não existem em versão manipulada. É o que acontece com marcas registradas de canetas para emagrecimento e toxinas estéticas. Quando um produto aparece como “manipulado”, mas usa o nome original da indústria, isso já indica irregularidade. Farmácias de manipulação têm autorização para formular substâncias previstas em legislação, mas não podem reproduzir marcas comerciais nem alterar composições patenteadas.
A verificação de uma farmácia é simples e pode ser feita pelos sites da Anvisa e do Conselho Regional de Farmácia. Todo estabelecimento precisa ter endereço físico, farmacêutico responsável e autorização para funcionar. Vendas exclusivamente online, sem vínculo com farmácia licenciada, não são permitidas, mesmo que o site pareça organizado.
Na prática, o consumidor não precisa decorar normas nem entender tecnicamente o que está por trás de cada embalagem. Mas precisa desconfiar quando algo parece conveniente demais. Remédio não deve ser adquirido apenas pelo preço, pela promessa ou por um clique rápido. Ele exige orientação, procedência e responsabilidade.
Cuidar da saúde também passa por escolher onde confiar.


