Johannesburgo – Apesar de o G20 ter enfrentado ausências de peso — incluindo a do United States — em seu encontro de 22 e 23 de novembro de 2025 em Joanesburgo, a cúpula marcou um momento raro de convergência global. A declaração final, assinada por todos os membros exceto os Estados Unidos e a Argentina, evidencia uma mudança no centro de gravidade da governança internacional.
O documento aborda temas sensíveis como mudança climática, dívida externa, desigualdade e a necessidade de aprimorar instituições multilaterais. A presidência sul-africana foi apontada como decisiva para garantir o texto, mesmo sob forte pressão de Washington que, segundo analistas, vê uma redução de sua influência nesse tipo de fórum.
Embora o resultado tenha sido saudado por muitos países do Sul Global como uma tentativa de “recuperar” o espírito multilateral, críticos alertam que a ausência de alguns líderes e a presença de discordâncias profundas — especialmente sobre a guerra na Ucrânia e o Oriente Médio — indicam que desafios persistem.
Para o Brasil, participar de uma G20 com mensagem clara de solidariedade, igualdade e sustentabilidade coloca o país em posição de destaque dentro do Sul global. Para o mundo, demonstra-se que fóruns multilaterais podem produzir resultados concretos mesmo em cenários de turbulência geopolítica.
O que observar nos próximos meses
Como o Brasil e outros países signatários irão operacionalizar os compromissos da declaração: financiamento climático, alívio de dívidas e participação ativa do Sul.
A reação dos Estados Unidos à exclusão ou marginalização de sua influência, e quais serão os impactos diplomáticos desse impasse.
A aplicação prática desses compromissos: se tratados permanecerão em declarações ou gerarão ações concretas.


