Teerã – 22 de abril de 2025 – Um número crescente de mulheres iranianas tem recorrido a cirurgias estéticas como forma de melhorar sua autoestima e, muitas vezes, conquistar maiores oportunidades no competitivo mercado de trabalho e até em suas vidas sociais. A tendência reflete uma realidade complexa no país, onde a aparência desempenha um papel significativo, especialmente em um contexto em que outras formas de expressão são limitadas.
O Irã é, atualmente, um dos países com maior número de cirurgias plásticas per capita no mundo, com destaque para rinoplastias. Estima-se que cerca de 200 mil procedimentos do tipo sejam realizados anualmente. Muitos especialistas atribuem esse fenômeno à forte valorização da estética facial, já que, devido ao código de vestimenta islâmico, o rosto é a principal parte do corpo visível em público.
Para muitas mulheres, a decisão de passar por uma cirurgia estética vai além da vaidade. “No Irã, a aparência pode influenciar diretamente a maneira como você é tratada em uma entrevista de emprego, em reuniões sociais ou até mesmo em relacionamentos amorosos”, explica Lila*, de 29 anos, que realizou uma rinoplastia aos 24. “Não é só sobre beleza, é sobre ser levada a sério.”
Sociólogos apontam que a pressão estética também está ligada à crescente influência das redes sociais e da cultura global, além das limitações sociais e legais impostas às mulheres no país. Com restrições quanto à liberdade de vestir-se ou expressar-se publicamente, a modificação do corpo torna-se uma das poucas formas de afirmação pessoal disponíveis.
Apesar do crescimento da indústria estética no país, a prática não está isenta de críticas. Grupos feministas e especialistas em saúde mental alertam para os riscos da padronização da beleza e da dependência de validação externa. Ainda assim, o fenômeno continua em expansão, revelando uma complexa interseção entre beleza, identidade e mobilidade social.


