Em um cenário onde a estética facial muitas vezes se confunde com exagero e padronização, o trabalho do Dr. João Pithon surge como um respiro de lucidez, ciência e autenticidade. Médico, pesquisador internacional e coautor do livro Arquitetura Facial, ele tem se consolidado como um dos principais nomes da harmonização orofacial no Brasil, liderando um movimento que vai na contramão do senso comum: fazer mais com menos.
Com experiência em nove países e uma sólida formação clínica e acadêmica, Dr. João desenvolveu uma abordagem própria, baseada em anatomia aplicada, estratégia técnica e profundo respeito à identidade de cada paciente. Seus protocolos, já validados em mais de 9.000 ml de ácido hialurônico aplicados sem intercorrências isquêmicas, reforçam que excelência não se mede em volume, mas em intenção, precisão e ética.
Nesta entrevista exclusiva, ele compartilha os bastidores dessa trajetória, fala sobre a desconexão entre teoria e prática que ainda persiste até nos países mais avançados, explica por que acredita que conhecimento anatômico é o divisor de águas entre o técnico e o refinado, e revela como sua imersão tem transformado não só resultados, mas também a forma como profissionais pensam, sentem e atuam na estética.
Mais do que técnica, o que Dr. João propõe é uma mudança de consciência aquela que enxerga o rosto como um todo integrado, valoriza a beleza singular e entende que, muitas vezes, o toque mais leve é o que gera o impacto mais duradouro.
Dr. João, depois de passar por 9 países como pesquisador, o que mais te surpreendeu ao comparar as abordagens internacionais com as práticas que você desenvolveu aqui no Brasil?
O que mais me surpreendeu foi perceber que, mesmo nos países mais avançados tecnicamente, ainda havia uma certa desconexão entre teoria e prática. Eu esperava encontrar um mundo mais equilibrado, mas vi muitos procedimentos sendo realizados de forma padronizada, sem tanta escuta ao paciente, sem tanta personalização. Isso me deu uma clareza enorme: o que eu buscava construir no Brasil era diferente.
Aqui eu encontrei espaço não só para aplicar técnica, mas para desenvolver pensamento. Criei minhas próprias abordagens, misturando tudo que vi lá fora com minha vivência daqui, com as nossas necessidades. E entendi que, no fundo, o que falta não é tecnologia nem recurso. O que falta é profundidade. E isso é o que eu mais cultivo no meu trabalho.
O que te motivou a criar um curso voltado para o conceito de “menos é mais” no preenchimento facial? De onde surgiu essa inquietação?
Essa inquietação surgiu da frustração em ver rostos sendo transformados de forma agressiva, sem necessidade. Eu sentia que havia uma corrida por mililitros e um apagamento da identidade do paciente. Comecei a me perguntar: será que beleza tem a ver com quantidade, ou com intenção?
E foi assim que nasceu minha abordagem. Criei um curso para ensinar profissionais a entregarem excelência com parcimônia, fundamentados em anatomia, estratégia e bom senso. Menos não é só mais. Menos é mais bonito. É mais ético. É mais humano.

Como foi o processo de validação dessas técnicas que hoje já somam mais de 9.000 ml aplicados sem intercorrências isquêmicas?
Foi um processo muito natural, porque partiu de uma insatisfação prática. Durante um tempo, eu tentava aplicar técnicas consagradas, como os MD Codes, e percebia que, mesmo seguindo tudo à risca, os resultados não eram os que eu acreditava que poderiam ser nem para mim, nem para o paciente.
Eu sentia que estava usando produto demais, com muito esforço técnico, para pouco resultado estético. Isso me levou a estudar mais a fundo a reologia dos preenchedores, entender melhor os planos anatômicos e, principalmente, testar novas formas de aplicação que fossem mais superficiais e mais inteligentes.
Foi aí que entendi o potencial do ácido hialurônico como gel hidratante, e não só como volumizador. Quando aplicado corretamente, com pouco volume e na profundidade certa, ele consegue tratar textura, devolver luz, hidratar e transformar o rosto de forma sutil, segura e refinada.
Essa validação veio com o tempo, com o retorno dos pacientes, com a consistência dos resultados e, claro, com o fato de termos ultrapassado 9.000 ml aplicados sem nenhuma intercorrência isquêmica. Isso não é um detalhe é uma consequência direta de um trabalho feito com estratégia, anatomia, bom senso e respeito à identidade do paciente.
Você fala com propriedade sobre excelência com menos produto. O que você diria para os profissionais que ainda acreditam que bons resultados estão diretamente ligados ao volume injetado?
Eu diria que o volume, por si só, não é resultado é só um recurso. E quando você depende do volume para entregar beleza, é sinal de que está faltando estratégia. Um bom resultado vem da leitura certa do rosto, do raciocínio anatômico, da escolha do produto certo, da profundidade adequada. Isso tudo, sim, constrói excelência.
O que vejo hoje é um excesso de produto tentando compensar a falta de direção. E isso não só não funciona, como muitas vezes compromete a naturalidade, a harmonia e até a segurança do paciente. A estética não precisa ser pesada para ser impactante. Quando você entende onde iluminar, onde sustentar, onde suavizar, você consegue fazer muito com pouco.
Menos produto com mais intenção. Menos intervenção com mais precisão. Isso é o que eu ensino. Isso é o que os pacientes estão buscando. E isso é o que diferencia um aplicador técnico de um profissional refinado.

Na sua visão, qual é o maior erro que os profissionais cometem ao realizar um full face, e como sua imersão ajuda a evitar isso?
O maior erro é achar que full face é sinônimo de preencher tudo. Muitos profissionais ainda enxergam o rosto como um conjunto de áreas isoladas: olheira, malar, queixo, lábio… e vão tratando cada ponto separadamente, sem entender o impacto que uma intervenção tem no todo.
Isso gera um resultado fragmentado, sem harmonia e, muitas vezes, artificial.
Na imersão, eu ensino justamente o oposto: a enxergar o rosto como um sistema integrado. A trabalhar com intenção, com prioridade, com hierarquia de planos. O aluno aprende a pensar em luz e sombra, a usar o mínimo possível para causar o máximo de impacto estético, e a respeitar a identidade do paciente.
Não é sobre fazer tudo. É sobre saber o que precisa ser feito e o que precisa ser deixado como está. E isso só se aprende com estudo, com anatomia e com sensibilidade. É isso que a imersão entrega.
O que os alunos geralmente te dizem após aplicarem pela primeira vez as técnicas que aprendem na imersão? Existe algum feedback que te marcou?
O que eu mais escuto é: “Eu não sabia que dava pra fazer tanto com tão pouco.” E isso é muito simbólico, porque quebra uma crença antiga de que resultado está diretamente ligado à quantidade.
Eles se surpreendem com a delicadeza, com a segurança da técnica e, principalmente, com a resposta dos próprios pacientes. Tem aluno que me escreve dizendo que o paciente chorou no espelho, ou que, pela primeira vez, se viu natural, rejuvenescido, sem se sentir “mudado”. Isso, pra mim, vale tudo.
Um feedback que me marcou foi de uma aluna que disse: “João, eu sempre gostei de estética, mas depois da sua imersão, eu entendi o que é cuidar de verdade.” Aquilo me pegou. Porque mostra que a técnica, quando vem com intenção e com ética, muda não só o rosto do paciente, mas também o propósito do profissional.

Como professor e coautor do livro Arquitetura Facial, como você vê a importância do conhecimento anatômico na prática estética segura e refinada?
O conhecimento anatômico é o que separa um profissional que aplica de um profissional que entende. É o que dá segurança para ousar com leveza, e refino para tocar uma face com respeito.
Sem anatomia, você não está trabalhando você está testando. E, na estética, testar em rostos reais pode ter um custo emocional e físico muito alto.
O que eu ensino, tanto nos cursos quanto no livro Arquitetura Facial, é que a anatomia não pode ser um conteúdo distante, teórico, cheio de nomes difíceis. Ela precisa ser viva. Precisa ser clínica. Precisa estar presente em cada raciocínio antes de uma agulha tocar a pele.
Uma prática refinada é uma prática consciente. E consciência estética começa pela consciência anatômica. Só quem entende o que está por trás da pele consegue entregar beleza de verdade com naturalidade, segurança e intenção.
Para quem está na dúvida se deve ou não participar da sua imersão, o que você diria para esse profissional neste momento da carreira?
Eu diria: se você sente que está repetindo o que vê por aí, se já fez vários cursos mas ainda sente insegurança ao aplicar… essa imersão é pra você. Ela não é sobre mais uma técnica é sobre mudar sua forma de pensar a estética.
É pra quem quer parar de aplicar no automático e começar a raciocinar. É pra quem quer segurança, mas também quer sensibilidade. É pra quem sabe que pode mais, mas ainda não sabe exatamente como.
A estética está cheia de barulho, de exagero, de cópias. A minha proposta é te trazer de volta para o essencial: olhar pro rosto com respeito, usar o mínimo necessário e entregar o máximo de impacto sem deixar de lado a ética, a ciência e a beleza real.
Se você está na dúvida, talvez seja justamente porque está pronto pra mudar. E mudar dá medo mesmo. Mas também pode ser a virada da sua carreira.

A fala de Dr. João Pithon nos convida a uma reflexão profunda sobre o papel do profissional da estética na vida das pessoas. Em tempos em que o excesso se tornou comum e a naturalidade, um desafio, sua abordagem resgata o essencial: escutar, respeitar, compreender e intervir com inteligência, propósito e ética.
Mais do que preencher rostos, ele preenche lacunas de consciência no mercado, mostrando que técnica sem sensibilidade é apenas repetição e que a verdadeira transformação acontece quando o conhecimento encontra intenção.
Para os que buscam resultados mais harmônicos, para os que desejam se destacar pela excelência e não pelo exagero, e principalmente para os que sentem que podem ir além do que fazem hoje, a mensagem de Dr. João é clara: é possível fazer muito com menos desde que se saiba exatamente por quê, onde e para quem.
A estética do futuro passa pela consciência do presente. E profissionais como ele estão moldando esse caminho com coragem, delicadeza e profundidade.
Foto: Danylo Martins


