A ideia de que a música pode curar não é apenas poética: ela já é respaldada pela ciência. Hospitais no Brasil e no mundo vêm adotando a musicoterapia como prática complementar em procedimentos cirúrgicos, mostrando resultados surpreendentes no controle da ansiedade, da dor e até no tempo de recuperação.
Um estudo da Universidade de Londres, publicado no The Lancet, mostrou que pacientes que ouviram música antes e depois de cirurgias relataram redução de até 29% na dor e diminuíram em 34% a necessidade de analgésicos.
No Brasil, hospitais privados de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte já oferecem playlists personalizadas para pacientes em centros cirúrgicos. As músicas variam de clássicos instrumentais a sons da natureza, passando por canções religiosas e populares.
A psicóloga hospitalar Dra. Carolina Lopes explica o impacto:
“A música atua no sistema límbico, região do cérebro responsável pelas emoções. Quando o paciente escuta algo que transmite calma, há uma resposta neuroquímica imediata: redução da frequência cardíaca, liberação de dopamina e sensação de segurança”.
Humanização no ambiente hospitalar
Além dos efeitos clínicos, a musicoterapia tem papel importante na humanização dos hospitais, criando uma experiência menos traumática para o paciente. O enfermeiro intensivista João Henrique Silva, que atua em uma UTI de São Paulo, relata:
“Percebemos que pacientes sedados respondem positivamente aos estímulos sonoros. Muitos relaxam, têm menos crises de agitação e apresentam sinais vitais mais estáveis”.
Futuro da prática
A tendência é que a musicoterapia deixe de ser apenas recurso complementar e passe a integrar protocolos médicos de rotina. Pesquisadores já estudam quais estilos musicais são mais eficazes em diferentes contextos, como pré-operatório, parto humanizado e recuperação de cirurgias cardíacas.
Mais do que entretenimento, a música está se consolidando como um instrumento terapêutico acessível e de baixo custo, capaz de transformar a jornada hospitalar de forma mais leve e acolhedora.
