Relacionamentos amorosos costumam começar cheios de entusiasmo, descobertas e planos para o futuro. No entanto, a realidade mostra que muitos casais não chegam até o “felizes para sempre”. Pesquisas indicam que uma grande parcela das separações acontece não por falta de amor, mas pela dificuldade de compreender e atravessar as etapas naturais que todo relacionamento enfrenta.
De acordo com terapeutas de casal, a vida a dois passa por seis fases principais: a paixão inicial, a construção da rotina, o choque de diferenças, o reencontro de identidade, a parceria madura e, finalmente, a consolidação do vínculo. O problema é que grande parte dos casais se perde justamente na terceira etapa, quando as idealizações começam a dar lugar à realidade. É nesse momento que surgem conflitos sobre valores, hábitos, responsabilidades e expectativas.
A psicóloga e especialista em relacionamentos Dra. Cláudia Menezes explica que essa fase é crucial e exige diálogo profundo. “Muitos casais acreditam que o surgimento de diferenças é sinal de que não são compatíveis. Mas, na verdade, esse é o momento em que a relação começa a ser testada. Se há disposição para compreender, negociar e ajustar, o vínculo se fortalece. Se não, aumenta a chance de ruptura”, afirma.
Outro ponto importante é que, ao não reconhecerem as etapas do relacionamento, muitos casais interpretam crises temporárias como o fim definitivo. A pressão social por relacionamentos perfeitos, reforçada pelas redes sociais, também contribui para aumentar frustrações e comparações.
Superar essa fase exige coragem para enfrentar vulnerabilidades e maturidade para entender que amar vai além da paixão. É um processo de construção contínua, onde a empatia, a comunicação e o respeito mútuo são os alicerces mais fortes.
O que a experiência clínica e os estudos mostram é que os casais que conseguem atravessar a fase de conflito e choque de diferenças descobrem um nível de parceria muito mais sólido. E é justamente isso que explica por que tantos desistem no meio do caminho: não porque não se amam mais, mas porque não aprenderam a transformar as crises em oportunidades de crescimento.


