Os sintomas do cansaço contemporâneo deixaram de aparecer apenas na fadiga. Hoje, surgem em esquecimentos frequentes, dificuldade de concentração, irritabilidade, alterações digestivas e na sensação de estar sempre em alerta, mesmo quando não há urgência alguma.
Quem está esgotado nem sempre se sente cansado. Muitas vezes, está apenas acelerado por dentro.
Especialistas em saúde mental explicam que esse estado se chama hipervigilância emocional. É quando o organismo permanece em modo de alerta contínuo, analisando, antecipando e processando informações o tempo todo. O corpo funciona, mas não descansa. Nem quando dorme.
Esse tipo de desgaste não aparece de forma abrupta. Ele se instala nas pequenas fissuras da rotina: sono que não restaura, mente que não desacelera, corpo que responde com tensão muscular, mudanças hormonais, sensação de urgência e insatisfação permanente, mesmo com tudo aparentemente sob controle.
Neurologistas observam que um dos gatilhos mais comuns para esse padrão é o sono não reparador. A pessoa dorme, mas não recupera. Acorda com a sensação de que descansou apenas por fora, enquanto continua exausta por dentro. Com o tempo, esse ciclo favorece quadros como ansiedade leve, abafamento emocional e esgotamento comportamental.
O desafio está em reconhecer esses sinais como alertas legítimos. Muitas vezes, a mente racionaliza, mas o corpo sinaliza. O tratamento nem sempre começa com medicação. Ele costuma começar com reorganização de hábitos: pausas verdadeiras durante o dia, conversas que acolhem, redução do consumo de estímulos digitais e preservação de momentos silenciosos.
Cuidar da saúde emocional não é apenas evitar o sofrimento. É manter equilíbrio entre mente, corpo, tempo e ritmo de vida.
O corpo pede descanso. Mas também pede tempo para sentir.


