Pesquisa com mais de 88 mil adultos acompanhados por sete anos mostra que manter horários fixos para dormir reduz o risco de doenças como Parkinson depressão e diabetes
A recomendação de dormir oito horas por noite sempre foi tratada como regra de ouro para uma vida saudável. No entanto, um novo estudo internacional coloca essa ideia em perspectiva ao mostrar que a regularidade no sono pode ser ainda mais determinante do que a quantidade de horas dormidas.
O trabalho foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Pequim e da Universidade Médica do Exército Chinês e acompanhou 88 mil adultos ao longo de quase sete anos. Os dados foram obtidos por sensores corporais e analisados em conjunto com o banco de dados britânico Biobank. Os resultados foram publicados na revista científica Health Data Science.
De acordo com os cientistas, pessoas que mantêm horários consistentes para dormir e acordar apresentam menor risco de desenvolver doenças graves. O estudo observou que padrões irregulares de sono estão associados a até 172 doenças diferentes, incluindo casos de depressão diabetes tipo 2 e Doença de Parkinson.
Entre os achados mais relevantes está o risco aumentado de cirrose hepática em pessoas que dormem com frequência depois da meia-noite. A probabilidade chega a ser 2,5 vezes maior em comparação a quem costuma dormir antes das 23 horas. Também foram observadas ligações com maior incidência de gangrena insuficiência renal aguda hipertensão e doenças pulmonares crônicas.
Para o neurocirurgião Victor Hugo Espíndola a descoberta reforça a importância do relógio biológico como marcador da saúde do organismo. “O cérebro e o corpo funcionam melhor quando reconhecem um padrão estável de sono e vigília. Isso permite um equilíbrio hormonal e metabólico mais adequado”, afirma o especialista.
Outro ponto abordado pelo estudo desconstrói o mito de que dormir mais de nove horas por noite faz mal à saúde. Na verdade, os pesquisadores identificaram que muitos dos participantes que relatavam dormir por longos períodos na realidade apresentavam sono fragmentado e pouco eficiente. Ou seja, a sensação de que se dorme muito pode esconder uma má qualidade de sono.
Os autores alertam que o foco deve deixar de ser apenas o número de horas dormidas e passar a considerar a consistência dos horários e a qualidade real do descanso. Ter uma rotina de sono estável, com horário fixo para deitar e levantar, pode ser uma das estratégias mais eficazes para prevenir doenças e melhorar o bem-estar a longo prazo.


