Erechim, no norte do Rio Grande do Sul, viveu uma tarde de destruição e incerteza no último domingo, 23 de novembro, após um forte temporal acompanhado de granizo atingir a cidade e provocar danos em larga escala. Telhados arrancados, escolas alagadas, veículos destruídos e famílias desabrigadas compõem um cenário que mobiliza autoridades, voluntários e equipes de emergência desde as primeiras horas após o fenômeno.
Segundo informações preliminares, mais de cem pessoas ficaram feridas e cerca de cinco mil famílias foram impactadas direta ou indiretamente pelo temporal. O granizo, que caiu em grande volume e com pedras de tamanho incomum, atingiu residências, unidades de saúde, escolas, estabelecimentos comerciais e estruturas públicas. O Hospital Santa Terezinha, principal unidade hospitalar do município, teve parte de sua cobertura comprometida, o que afetou alas de internação e levou à suspensão temporária de procedimentos eletivos.
Imagens registradas por moradores mostram ruas cobertas por gelo, como se a cidade tivesse recebido uma inesperada nevasca. Postes caídos, árvores arrancadas pela raiz e fios de energia espalhados pelo chão deixaram bairros inteiros sem luz e comunicação. A prefeitura decretou situação de emergência para agilizar o apoio aos moradores e facilitar o acesso a recursos estaduais e federais.

A Defesa Civil organizou pontos de distribuição de lonas e orientou moradores a evitarem áreas com risco estrutural ou de choque elétrico. Escolas e igrejas passaram a ser utilizadas como locais de acolhimento provisório para famílias que perderam suas casas ou que não têm condições seguras de permanência.
Especialistas afirmam que o fenômeno foi provocado pela combinação de calor intenso, alta umidade e instabilidade atmosférica, favorável à formação de nuvens de tempestade com forte convecção vertical. Esse tipo de formação, comum em momentos de transição de estação, pode produzir granizo de grande porte, ventos fortes e rápida queda de temperatura.
Para além dos prejuízos materiais, o impacto emocional é evidente. Moradores relatam a sensação de impotência diante de um fenômeno que se formou rapidamente e deixou pouco tempo para reação. Famílias que, em poucos minutos, viram suas casas destruídas, agora tentam recuperar documentos, pertences e, principalmente, um mínimo de segurança.
Enquanto equipes continuam os trabalhos de limpeza, avaliação de danos e restabelecimento dos serviços essenciais, o município se mobiliza em redes de apoio, voluntariado e campanhas de arrecadação de donativos. Nas próximas semanas, os desafios envolverão reconstrução, assistência às famílias atingidas e fortalecimento das estruturas de prevenção e resposta a eventos climáticos extremos.
O episódio reacende o debate sobre a preparação das cidades brasileiras para eventos climáticos severos, cada vez mais frequentes e intensos, e sobre a urgência de políticas públicas voltadas à proteção da população, especialmente em áreas vulneráveis.
Erechim agora começa a contar uma nova história: a da reconstrução.


